O carioca Paulo "Popó" Bueno está se recuperado bem da cirurgia que sofreu na terça-feira para a reconstituição de sua vértebra L1, fraturada em três pontos em decorrência do violento acidente que sofreu na primeira volta da quarta etapa do Campeonato Italiano da Fórmula Renault, realizada no domingo, em Monza.
A cirurgia, realizada pela equipe do Dr. Berlusconi na Casa di Cura Cittá di Milano terminou de madrugada, e durou quatro horas. Nela foram removidos fragmentos da vértebra e implantadas três placas de titânio.
Apesar de continuar a sentir dores, o piloto da Prost Jr-CRAM Competition já está conseguindo sentar-se. Segundo a previsão inicial, ele poderá caminhar dentro de quatro a cinco dias, e em pouco mais de duas semanas estaria pronto para iniciar os trabalhos de fisioterapia.
Nesse período, Popó será obrigado a utilizar um colete de aço. Mesmo sentindo os efeitos da cirurgia, o carioca disse aos familiares que o acompanham no hospital que pretende voltar a correr o mais rápido possível. ?É coisa de piloto. O cara está deitado numa cama de hospital e já está falando em voltar a pista?, disse o pai, o narrador da TV Globo Galvão Bueno. As estimativas mais otimistas, no entanto, avaliam que a volta do piloto às pistas só poderá acontecer daqui a três meses.
O acidente que envolveu o atual campeão brasileiro de Fórmula Chevrolet, que está realizando sua temporada de estréia no automobilismo internacional foi impressionante. Na freada da primeira chicane, Popó teve o seu atingido pelo carro do companheiro de equipe Alessandro Vitacolonna, passou sobre dois carros, decolou e capotou de ponta-cabeça.
O piloto contou ao pai que ouviu os gritos de ?fogo? e tentou deixar o cockpit sozinho. Apesar das dores que sentia nas costas, Popó soltou o cinto de segurança e se arrastou para fora, mas ficou com as pernas presas ao volante. As equipes de resgate não conseguiam retirá-lo, o que só foi possível graças à intervenção de Fausto Ippoliti, outro piloto da Prost Jr-CRAM Competition. ?O Vitacolonna ficou tão chocado com o acidente que decidiu abandonar as pistas?, ressaltou Galvão.
Popó foi atendido inicialmente no centro médico do autódromo, e em seguida removido para o Hospital San Gerardo, em Monza, onde as radiografias apontaram a fissura da quinta vértebra. Nesse meio tempo, Galvão entrou em contato com o Dr. Syd Watkins, o médico-chefe da Fórmula 1, que estava em Nurburgring, na Alemanha, trabalhando no GP da Europa. Watkins sugeriu que Popó fosse transferido para uma clínica especializada em Paris, a mesma onde Michael Schumacher e o jogador Ronaldinho haviam sido operados. Em função da urgência, no entanto, decidiu-se pela transferência para um hospital de Milão. Depois de submeter o piloto a tomografias e exames de ressonância magnética, os médicos descobriram as reais conseqüências do acidente.
Desde o primeiro momento, Popó foi acompanhado pelo piloto Felipe Massa, seu amigo particular que no mesmo dia do acidente venceu a terceira etapa do Campeonato Europeu de Fórmula 3000. Massa só deixou o hospital em Milão nesta quarta-feira. ?O Felipe foi nota 10. Mostrou uma grande solidariedade, ajudou no que foi possível e nos tranqüilizou. O (Claudinei) Graminho - produtor da TV Globo e cunhado do Popó - também foi muito importante para que tudo saísse bem?, agradeceu Galvão. Que disse esperar que Popó possa retornar ao Brasil dentro de um mês, mas já está perdendo o otimismo. ?O Popó falou que quer ficar perto da equipe, mesmo enquanto não puder correr?, concluiu Bueno.
Por Márcio Fonseca
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