Animado com a conquista de sua 4ª vitória no ano de 1972 ? havia chegado na frente na Espanha, na Bélgica, na Grã-Bretanha e na Áustria ?, o brasileiro Emerson Fittipaldi viajou até o circuito de Monza, onde disputaria no dia 10 de setembro o 25º GP de sua carreira.
Na quarta-feira antes da prova na Itália, o impensável aconteceu: o caminhão que transportava a parafernália da Lotus tombou na estrada, destruindo quase completamente o modelo 72D com o qual o piloto brasileiro então com 25 anos havia disputado as provas anteriores.
Sem o carro principal, Fittipaldi se viu obrigado a entrar na pista com o chassis número 5 "um modelo antigo que utilizávamos desde 1970", ele relembra. E foi a bordo da velha máquina que Emerson conquistou a segunda pior posição de largada da temporada: a 6ª, melhor apenas que a 8ª assegurada para a formação do grid do GP da França.
Não bastasse isso, o carro ainda apresentou problemas de vazamento de combustível, que só foi sanado "graças ao trabalho brilhante dos mecânicos".
Tudo parecia conspirar contra Emerson até que fosse completada a 40ª das 55 voltas totais da edição número 43 do "Gran Premio D´Itália". Foi então que o carro de Jacky Ickx apresentou problemas, causando o abandono da disputa pelo único piloto capaz de impedir Fittipaldi de "chegar lá".
O momento era aquele. Emerson tinha o caminho aberto para vencer sua 5ª prova na temporada, e, o mais importante, inscrever seu nome e o de nosso país pela primeira vez na "Galeria dos Campeões" da mais badalada categoria do automobilismo em todo o planeta.
"As 15 voltas finais daquela corrida foram as mais longas da minha
carreira", relata Emerson, que teve o primeiro triunfo de sua carreira narrado pelo pai, o "Barão" santoandreense Wilson Fittipaldi, através da então Rádio Panamericana, atual Jovem Pan.
"Há um mês ouvi a gravação daquela prova junto com meus filhos mais novos Joana e Luca. Ficamos todos muito emocionados", conta Emerson, que depois ainda conquistou o título da Fórmula 1 em 1974, foi campeão na Fórmula CART/FedEx em 1989 e venceu duas edições da 500 Milhas de Indianápolis: em 1989 e 93.
"Foi no automobilismo que construi minha vida, meus negócios e conheci o mundo. A única coisa ruim foi ter perdido alguns amigos em acidentes na pista, quando eu estava começando na Fórmula 1. Só isso eu lamento, o resto foi muito bom", conclui Fittipaldi. |
