12/02/2002 As "viajadas de férias" de dois pilotos do "circo"
Com todas as vagas já ocupadas nos carros das 11 equipes que vão disputar a temporada 2002 da Fórmula 1, já é possível imaginar que o atual não será muito distinto do certame de 2001, quando o alemão Michael Schumacher e a competentíssima equipe Ferrari terminaram o ano com mais títulos conquistados, tanto no certame de Pilotos quanto no de Construtores.
É óbvio que antes do início efetivo do campeonato ? que vai acontecer em Merlbourne, na Austrália, no próximo dia 3 de março -, há quem se esteja considerando apto a superar Michael, alimentando um sonho impossível, a não ser que o mais famoso representante do clã Schumacher encontre um muro de proteção pela frente, como ocorreu em 1999, em Silverstone, na Inglaterra.
Dentre aqueles que "viajaram" na idéia de deixar para trás o alemão enquanto curtiam suas férias (e não foram poucos pilotos que o fizeram), gostaria de me ater a dois: seu próprio companheiro de equipe, o brazuca Rubens Barrichello, e o escocês David Coulthard, que com o abandono das pistas por parte de seu ex-companheiro na McLaren, o finlandês Mika Hakkinen, passou a se achar um verdadeiro "rei da cocada preta".
Comecemos por Barrichello, que aparentemente ainda não aprendeu que em boca fechada não entra mosquito, o que ficou bem claro na semana que antecedeu o lançamento do novo F2002, quando cobrou tratamento idêntico ao que é dispensado a Michael Schumacher.
Oras. Em primeiro lugar há de se considerar o fato de que Schumacher está entrando para sua 7ª temporada na escuderia mais famosa de todo o "circo", enquanto o brazuca falastrão começará a disputar apenas seu terceiro campeonato pela "Scuderia".
Pior que isso: praticamente todo o pessoal que compõe o "staff" da Ferrari, ganhando salários bastante generosos, deve seu emprego ao alemão, que ao mudar-se para a escuderia italiana exigiu a presença de fulano, beltrano e ciclano.
Enquanto isso, não me consta que Barrichello tenha levado ninguém para trabalhar no setor da equipe que a cada ano desenvolve projetos mais espetaculares.
Tá bem. Rubens indicou o nome do amigo Luciano Burti para ser segundo Test driver, mas, em termos de melhora de seu status dentro do time a repercussão deste fato foi nula, ou praticamente isso.
Há de se considerar ainda que a partir da temporada de 2000 Michael não teve adversários a altura, o que lhe permitiu ganhar os títulos, apontando para todos dentro da Ferrari que o "caminho das pedras" é o de dar-lhe carta branca, fato que joga seu companheiro brasileiro cada vez mais para longe até mesmo da condição de segundo piloto.
Apenas para concluir o assunto Barrichello, gostaria de lembrar que em 2001 ele "conseguiu" a proeza de terminar o campeonato atrás de David Coulthard, que em momento algum do certame - exceto na prova dos Estados Unidos -, teve um carro próximo ao que a McLaren é capaz de desenvolver.
Vamos a Coulthard, sobre quem é necessário ressaltar de início que o carro do qual disporá neste ano (o MP 4-17) vai para Merlbourne, e até para as demais pistas da primeira parte do certame, como uma absoluta incógnita. A máquina pode ser "assim uma McLaren", mas, por outro lado, pode repetir o fiasco que acabou sendo o MP 4-16.
De mais a mais, o escocês, em termos de talento, não chega a ser sequer a sombra daquilo que foi seu compatriota Jackie Stewart. David não é pior que qualquer um dos que hoje têm seus nomes nos contratos com os times que vão disputar o certame, mas tampouco é melhor que qualquer um deles.
Caso o MP 4-17 seja "tudo aquilo", ele pode até vencer uma ou outra provas, desde que, claro, o alemão da Ferrari não esteja na pista, um pré-requisito necessário aliás também para Barrichello cumprir a promessa que fez de ganhar uma porção de corridas neste ano.
Com Michael Schumacher em atividade normal (e toda a eficácia e estratégia perfeitas dos integrantes da Ferrari), não vai ter para ninguém: o ano vai terminar em mais um título.
Alguém duvida? |