20/08/2002 As últimas pétalas antes do fechamento do túmulo
A proibição da realização de corridas da Fórmula 3 supostamente Sul-americana em nosso país pode perfeitamente significar que as últimas pétalas de rosa tenham sido jogadas antes da definitiva cobertura com terra do túmulo de uma categoria que há muito se apresentava moribunda.
A categoria que um dia chamou a atenção por de fato unir um continente em disputas saudáveis, foi, com o passar do tempo, tendo seus objetivos completamente deturpados.
Para o atendimento deste ou daquele interesses, alterações espúrias foram sendo realizadas na regulamentação, o que trouxe como reflexo imediato a ascensão dos custos à estratosfera, e, em conseqüência, o interesse cada vez menor de pilotos que com o mesmo dinheiro que gastariam aqui podiam tranqüilamente iniciar uma carreira internacional "de verdade", e, dependendo da opção, até mesmo aproveitar a diferença para arcar com os custos, por exemplo, de subsistência no país escolhido.
Afora os altos custos, a perda de interesse de participar das corridas por pilotos de outras nações foi paulatinamente tirando da categoria o status de Sul-americana, transformando os eventos em disputas particulares entre Fulanos e Beltranos brasileiros, que jamais perderam oportunidades de puxar a brasa para suas próprias sardinhas, ou seja, jamais deixaram de mudar o regulamento para algo que satisfizesse seus próprios interesses.
Pilotos transformados
Nos dois últimos anos - mas mais notadamente a partir do início deste -, além de pilotos, garotos com intenção de participar de corridas "menos nacionais" passaram a ser instrumentalizados como "varas" para cutucar "onças" adversárias, o que criou um clima de absoluta hostilidade, afastando ainda mais a Fórmula 3 pseudo Sul-americana do objetivo que deveria ter: o de ser uma escola de vivência e convivência no meio automobilístico.
Não irei citar nomes aqui, já que, como sempre faço questão de frisar, condeno atitudes, e não pessoas.
Quero apenas que Fulanos, Beltranos e Ciclanos me respondam: não foram eles próprios que deturparam tanto a regulamentação da categoria a ponto de permitir o "quem chora mais, mama mais" que ocorre atualmente?.
Não foram os próprios responsáveis pelos times que, via alterações regulamentares, possibilitaram que as coisas atingissem um estágio onde quem tiver a mala com mais Dólares em seu interior anda na frente?.
Ainda aos respeitáveis donos de escuderias, gostaria de formalizar mais uma indagação: será que um, dois, ou três treinos realizados por um determinado piloto numa dada pista significarão o limiar entre a vitória ou derrota?. Caso realmente creiam nisso, por favor, respondam aos gnomos, ou à mula sem cabeça, ou, quem sabe, aguardem dezembro para dizer uma sandice destas diretamente ao Papai Noel.
Méritos à Confederação Brasileira de Automobilismo por ter proibido a realização de provas da categoria. Tomara a pausa forçada no calendário leve fulanos, Beltranos e Cilcanos a uma profunda reflexão... |