09/10/2002
Boas e más ideias para salvar o ?circo? da monotonia
É inequívoco que algo precisa ser feito para tornar a Fórmula 1 menos monótona, resgatando a possibilidade de que as provas sejam vencidas por outro piloto que não o alemão Michael Schumacher, ou talvez seu companheiro na Ferrari Rubens Barrichello, quando o germânico permitir.
Porém, o pacote de medidas regulamentares proposto pela Federação Internacional de Automobilismo para equilibrar as chances entre os times traz idéias de péssimo gosto, para dizer o mínimo.
Pela maioria das propostas apresentadas, a impressão que se tem é de que a regulamentação sugerida tem por meta nivelar tudo por baixo, ao passo que o desejável seria o contrário: fazer com que os demais times do ?circo? ganhem condições de atingir o patamar alcançado pela Ferrari, que, vale lembrar, desenvolveu seu estupendo modelo 2002 trabalhando absolutamente dentro das mesmas regras às quais todas as demais escuderias tiveram de obedecer.
Das propostas, a mais absurda é a de obrigar os pilotos a disputarem corridas a bordo de carros que não os dos times com os quais mantém contratos, o que, num paralelo, corresponderia a um pedido para que Luiz Felipe Escolari emprestasse seus jogadores, evitando que a seleção francesa cometesse o fiasco em que se constituiu na Copa do Mundo de 2002...
Ora, para que pudessem contar com os pilotos que tem atualmente, todas as equipes tiveram de colocar seu pessoal em campo para batalhar junto aos patrocinadores a verba necessária ao pagamento dos salários e o desenvolvimento de máquinas capazes de satisfazerem às exigências destes ?Drivers?.
Muito antes de confirmar a dupla Michael Schumacher e Rubens Barrichello, a Ferrari teve de arrancar verbas de seus patrocinadores, o mesmo acontecendo com a McLaren para ter David Coulthard e Kimi Raikkonen, e com a Williams para que seus bólidos pudessem ter a condução de Ralf Schumacher e Juan Pablo Montoya...
Com a proposta de simplesmente desvincular os pilotos dos times, se está de alguma forma querendo mudar a realidade, o que em outras palavras significa chamar de idiotas os ferraristas que batalharam para terem a dupla Schumacher/Barrichello, os representantes da McLaren que conseguiram viabilizar a presença no time de Coulthard e Raikkonen, ou os funcionários da Williams que tiveram como missão a viabilização econômica para a presença de Ralf Schumacher e Montoya em seus bólidos...
Mais ou menos a mesma situação acontece na proposta do uso de um único tipo de Unidade Central de Processamento por todos os times.
Caso vingue a proposta de alteração regulamentar, os representantes de todas as equipes terão de explicar às empresas parceiras no desenvolvimento destas Unidades que todo o dinheiro, a tecnologia e o tempo empregados no desenvolvimento terão agora de serem jogados no lixo...
Será que um simples pedido de desculpas às empresas (o máximo que cada time poderá fazer), será suficiente para evitar que estas corporações criem aversão à Fórmula 1, fazendo com que ainda mais Dólares deixem de entrar para o caixa do ?circo?? É uma questão a ser pensada...
Pontos positivos
Das medidas propostas pela FIA, duas tem de ganhar destaque como altamente positivas: a limitação do número de testes extra-prova a um máximo de 12 entre os meses de fevereiro e novembro, e a determinação para que alterações aerodinâmicas sejam realizadas nos carros apenas uma vez durante o ano.
Desta forma, os times deixarão de gastar milhões de Dólares em ensaios que em rarríssimas ocasiões alavancam bons resultados, e outras vultosas somas no desenvolvimento de componentes além daqueles dois homologados antes do início da temporada.
Assim, estará sendo estancada a hemorragia de verbas, que, evitada, poderá ser o principal caminho para a volta do equilíbrio na Fórmula 1.
Os Dólares estarão em maior volume nos caixas das equipes, e aposto que muitas delas tem sim condições de desenvolverem máquinas tão ou mais fantásticas que os F2002 atualmente usados pelos pilotos do time de Maranello...
Sem grandes malabarismos, o ?circo? pode voltar a ter bons espetáculos... É isso que os torcedores querem, e que os patrocinadores desejam...
10/10/2002 |
