17/12/2002 A grande fase de nosso automobilismo
Se no aspecto econômico as coisas não andam lá muito bem (fenômeno que, aliás, não acontece exclusivamente em nosso país, bastando para isso olhar a própria Fórmula 1), no que diz respeito à aplicação dos regulamentos e as penalizações pelo desrespeito a eles, o automobilismo do Brasil vive hoje sua grande fase.
Em meados dos anos 80 as regulamentações também existiam, mas ninguém fazia lá muita questão de que fossem de fato aplicadas, o que dava margem às mais diferentes falcatruas para as conquistas de títulos.
A adição de nitrometano ao combustível (o que fazia com que o carro corresse mais que notícia ruim, mas por outro lado o transformava em uma verdadeira bomba ambulante), e o uso de motores 2.0 numa categoria onde o máximo permitido eram propulsores de 1600cc, eram práticas comuns que os Comissários Técnicos simplesmente ignoravam.
Hoje, ao contrário, punem-se os pilotos, bastando para isso ver quantos foram desqualificados (o que significa a perda dos tempos de classificação, e conseqüente largada no final do grid), e quantos de fato perderam os pontos simplesmente por estarem em desacordo com aquilo que foi escrito.
Dois exemplos de que a regulamentação é aplicada hoje em dia são as desclassificações de Luiz Carreira Júnior da terceira etapa da Copa Clio, e de Carlos ?Cacá? Bueno da rodada carioca da Stock Car V8.
No caso de Carreira Júnior o que houve foi o uso de pastilhas de freio ventiladas, que não eram propriamente vetadas pelo regulamento, mas também não eram permitidas.
Carreirinha acabou perdendo os pontos da corrida em Tarumã, mas depois deu a volta por cima, e acabou vencendo o mais novo certame de Turismo de nosso país.
Já no episódio em que Cacá Bueno teve tirados os pontos relativos à vitória na 7ª etapa da Stock Car V8, o que houve foi o uso de uma válvula de reabastecimento supostamente irregular. Um depoimento do fabricante e a comprovação documental de que o dispositivo usado pela equipe Action Power estava absolutamente dentro da margem de tolerância fizeram com que a punição fosse revertida, e com que Bueno tivesse de volta os 25 pontos relativos à vitória em Jacarepaguá.
Neste último episódio relatado, fica claro o quanto nosso automobilismo é levado a sério nos dias atuais.
Houve punição injusta?. Sim, mas a mesma foi reparada.
Antes assim que o império nas pistas da ?Lei de Gerson?, que é a de levar vantagem em tudo.
Tomara a Confederação Brasileira de Automobilismo (que, aliás, fez um curso de formação de novos Comissários em julho, e repetirá a dose no próximo ano) continue a aplicar as regras.
Ganha o esporte automobilístico. Ganham todos que cultivam paixão pela velocidade... |