Quem vê uma foto pode pensar que a máquina é uma daquelas fantásticas que todos os anos fazem suas aparições na 24 Horas de Le Mans.
Uma passada pelas arquibancadas de Tarumã, de Guaporé, ou mesmo de Interlagos, durante uma Mil Milhas, porém, faz com que a pessoa constate que o MCR é um produto 100% desenvolvido e produzido no Brasil, mais especificamente no Rio Grande do Sul.
O protótipo que a cada dia mais vai caindo no gosto dos pilotos que disputam as competições brasileiras de Endurance - que nesta temporada ganharam volume com o Campeonato Sul-Brasileiro da Brascar -, têm uma história bem recente, que começou a ser escrita em dezembro de 1999, quando pela primeira vez foi inserido numa relação de inscritos para a "12 Horas de Tarumã".
O modelo nasceu na base do "juntar a fome com a vontade de comer". De um lado havia o ex-piloto Luiz Fernando Cruz, que depois de disputar provas de Fórmula Ford no Brasil, mudou de mala e cuia para a Europa, onde competiu pela mesma categoria, na qual ganhou o "F-Ford Towsend Thorsen" de 1987.
No ano seguinte, Luiz Fernando passou a trabalhar como projetista na fábrica de chassis Swift, que através de uma de suas unidades conseguiu arrebatar o título do Festival da F-Ford de 1998, com um carro pilotado pelo britânico Richard Dean, que derrotou ninguém menos que Michael Schumacher, então piloto da concorrente Van Diemen.
Depois de permanecer na Swift até 1990, Cruz voltou para o Brasil, onde reencontrou a esposa e o filho, então recém-nascido. O projeto do MRC nasceu no início de 1999, quando Luiz Fernando aceitou o desafio que lhe foi imposto pela Metal Moro, uma fabricante de chassis de Karts que o convidou a desenvolver por aqui o projeto de um carro capaz de encarar os desafios especialmente das corridas do Campeonato Gaúcho de Endurance.
Cavalaria sob o capô
O carro com o qual Luiz Fernando Cruz e seus companheiros Walter Soldan, Luiz Alberto Castro e Rodrigo Ribas asseguraram nesta quinta-feira a pole position para a "12 Horas de Tarumã", é praticamente o embrião da série de MCR, que especialmente por causa da criação do certame da Brascar, não pára de sair em números cada vez mais significativos da planta industrial da Metal Moro, que têm sede em Porto Alegre.
A carenagem do protótipo que pesa 900 quilos, esconde um respeitável motor Chevrolet V8 de 5.8 litros e 580 HP a 7000 Rotações Por Minuto.
Para manter-se colado à pista, o protótipo é calçado com pneus Pirelli 265x18 na dianteira e 285x18 na traseira.
A caixa de câmbio Hewland DG300 de 5 marchas que equipa o carro, merece um comentário especial, já que têm sido o item responsável pelos problemas que tem deixado o bólido no meio do caminho nas provas, como aconteceu recentemente na disputa final do certame da Brascar, quando depois de superar o campeão da F-3 Sul-americana Juliano Moro - que disputou e venceu a corrida a bordo de um modelo da mais nova geração de MCR -, Luiz Fernando Cruz teve de desistir, já que o eixo-piloto se quebrou.
A respeito da possibilidade deste tipo de problema não voltar a acontecer nesta "12 Horas", Luiz Fernando explicou que é bastante plausível, já que, segundo comentou, o componente que apresentou defeito há três semanas foi substituído por um fabricado a partir de um material mais resistente que foi indicado pelos técnicos da parceira Universidade Federal do Rio Grande Do Sul, a UFRGS, que ajudaram no estudo de sobre qual a melhor liga a ser usada na produção do eixo-piloto capaz de resistir às cerca de 3.096 mudanças de marcha que serão realizadas ao longo da maratona deste final de semana em Viamão. |